É fato conhecido que a indústria da construção civil está entre os maiores produtores de CO2. Embora muito progresso tenha sido feito em tecnologia e em processos de projeto e construção, ainda há um longo caminho a percorrer para minimizar ou quase zerar as emissões de carbono no desenvolvimento de ambientes construídos.
Hoje, por mais revolucionária que possa parecer a indústria da construção civil, ela é responsável por quase 40% das emissões mundiais de dióxido de carbono, 11% das quais resultam da fabricação de materiais de construção, como aço, cimento e vidro.
Quais são as últimas tendências na redução de emissões tanto em termos de projeto quanto no processamento de materiais? Como a indústria deve caminhar para uma arquitetura net zero? Estas foram as perguntas com as quais abrimos o debate entre nossos leitores.
Depois de ler e compilar todos os comentários recebidos, de profissionais da construção, estudantes e interessados em arquitetura, concordamos que precisamos urgentemente aprofundar a regulamentação, a pesquisa e a conscientização da arquitetura net zero. Aqui estão os pontos de vista principais e mais frequentes de nossos leitores.
Ponto de vista 1: Regulamentar e Certificar
Precisamos da intervenção de políticas públicas que reconheçam a conformidade na redução de poluentes produzidos pela construção e operação de edifícios e sistemas urbanos - através de incentivos que impulsionem os empreendedores a contratar arquitetos qualificados e construir de acordo com padrões que sejam efetivamente aplicados e sancionados. Para mudar a maneira como construímos, todos nós precisamos participar e estabelecer metas locais, aplicar as normas existentes e criar uma cultura de melhoria contínua onde cidadãos e especialistas monitorem o desenvolvimento da construção. - diz Jaime Adrian Garrido Nieto, arquiteto do México.
A indústria deve regular as quantidades de material utilizadas em cada construção. É importante determinar com certeza o quanto uma casa ou edifício, seja lá o que for, polui. Isto deve ser obrigatório em todas as licenças autorizadas. - nos conta Luis Ochoa, arquiteto na Guatemala.
Ponto de vista 2: Pesquisar e Desenvolver
Há uma faceta da prática profissional do Arquiteto que adquirirá progressivamente maior destaque e importância, devido ao crescente processo de industrialização que afeta a atividade de construção, e que se refere à intervenção nos processos de fabricação de materiais e elementos sustentáveis livres de CO2 para a construção, e especialmente no controle de sua produção. - Javier Hoyos, arquiteto colombiano.
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Acredito que o caminho para chegar à construção net zero será pesquisar mais a natureza e desenvolver processos e métodos de construção baseados em lições do mundo natural. - Fernando Mendes Pinheiro, arquiteto de Portugal.
Ponto de vista 3: Visibilizar e Educar
A abertura de práticas sustentáveis às pessoas comuns através da educação e conscientização ajudará muito na recepção favorável de novos métodos e produtos de construção, tais como casas eficientes em termos energéticos, dissipando o mito de que produtos sustentáveis são caros e aumentando a demanda por melhores casas e locais de trabalho. - Jaime Adrian Garrido Nieto, arquiteto do México.
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Meu foco principal seria educar a população sobre o melhor uso dos edifícios - o que pode ser melhorado através da conscientização do nosso comportamento. Normalmente acabamos acusando aqueles que constroem, mas não aqueles que fazem mau uso da água, eletricidade, ar condicionado, produtos químicos de limpeza, gás, etc. Se o foco da educação estivesse em exemplos claros de mau uso, muitos de nós provavelmente mudariam nossos hábitos. - diz Pino, um arquiteto de El Salvador.
Este artigo é parte do tema do mês do ArchDaily: Caminho para uma arquitetura neutra em carbono apresentado por Randers Tegl.
Randers Tegl pretende assumir a responsabilidade e pensar sustentável como parte do alcance da meta do Net Zero, tanto em termos de como os materiais de construção afetam o clima e como os materiais envelhecem, mas também com foco na arquitetura. É por isso que a Randers Tegl criou sua série sustentável GREENER, que surge com a documentação completa na forma de EPD, para ser possível utilizar o produto em programas de cálculo técnico.
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